2009
Um crime perfeito #1
Manipulação fotográfica
2x28x28 cm Revista Bombart
2x50x50 cm impressão Lambda entre acrílico e alumínio
Ninguém crê profundamente no real, nem na evidência da sua vida real. Seria demasiado triste.
Parece ser confortável permanecer num estado de ilusão e engano relativamente ao significado dos valores e dos conceitos. Transparência não é aparência… O afastamento da significação dos conceitos, do centro, numa fuga em direcção à estranheza e ao vazio, conforta a inércia (BAUDRILLARD, Jean, 1995). Uma transparência que nos é oferecida pela ausência de si mesma, como um espaço em negativo. O que temos é a periferia, embora atraídos pelo foco.
Será censura? Se existe não é a preto mas a branco ou demasiado luminosa.
Uma cegueira branca, reflectida por José Saramago, periférica, onde o cenário, volume e forma dos objectos se confundem e diluem. Cegos permaneceremos inertes. Por medo? Por cobardia?
Parece confortável manter os medos de ser e de existir (GIL, José, 2004), condição de se ser Humano.
O Espaço/Lugar, passagem do Tempo e do Corpo. O Corpo como Tempo. Corpo que passa pelo Lugar num determinado Tempo. O Tempo que é Mental (memória e recordação) e Físico (emoção, sentimento e razão)...
E assim, ausentes, apagados, sem significação aos nossos próprios olhos. Distraídos, irresponsáveis, enfraquecidos. Deixaram-nos o nervo óptico mas enfraqueceram-nos todos os outros. É nisso que a informação participa da dissecação: ela isola um circuito perceptivo, mas desconecta as funções activas. Não resta já senão o ecrã mental da indiferença técnica das imagens.
Um crime social perfeito…
BAUDRILLARD, Jean, O Crime Perfeito (tít. orig.: Le Crime Parfait, Éditions Galilée, 1995, trad.: Silvina Rodrigues Lopes), col. Mediações dirigida por José Bragança de Miranda, Relógio D’Água Editores, Lisboa, 1996, Pag.130.
Op.cit., pag.182.
Rute Rosas, 2009